terça-feira, 1 de abril de 2014

Poetizando espaços.

Numa intervenção Poética apresentamos para o bairro o Paulo Leminski e outros poetas que bradam forte causando agonia nos ouvidos da realidade.

As colagens podem ser encontradas no ponto de ônibus em frente à Volvo e em frente à própria Biblioteca! Durante a semana iremos distribuir mais leitura, só assim mais pessoas leem e se envolvem no mundo literário, importante pro corpo e pra alma.

Abaixo segue os texto escolhidos e fotos:

Quando a verdade for flama - Thiago de Melo

As colunas da injustiça
Sei que só vão acabar
Quando o meu povo, sabendo
Que existe, souber achar
Dentro da vida, o caminho
Que leva à libertação.
Vai tardar, mas saberão
Que esse caminho começa
Na dor que acende uma estrela
No centro da servidão.
De quem já sabe, o dever
(luz repartida) é dizer.
Quando a verdade for flama
Nos olhos da multidão,
O que em nós hoje é palavra
No povo vai ser ação.
Chico Science.

O medo dá origem ao mal
O homem coletivo sente
A necessidade de lutar
O orgulho, a arrogância, a glória
Enche a imaginação de domínios.
São demônios,
Os que destroem o poder bravio
Da humanidade
Viva Zapata,
Viva Sandino,
Viva Zumbi
Antônio Conselheiro
Todos os Panteras Negras
Lampião
Sua imagem e semelhança
Eu tenho certeza;
Eles também cantara um dia...

Marco de Estrada -  Ho Chi Minh
Nem muito alto,
Nem muito largo,
Nem imperador,
Nem rei.
Você é só um marco de estrada,
Que se ergue junto à rodovia.
As pessoas passam
Você indica a direção certa,
E impede que elas se percam.
Você informa a distância que se precisa ainda percorrer.
Sua Tarefa não é pequena
E toda gente lembrará sempre de você
Nem muito alto,
Nem muito largo,
Nem imperador,
Nem rei.
Apenas marco de estrada.

Paulo Leminski...

Bem no fundo 

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas


Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas.

M. de memória 

Os livros sabem de cor

milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.



tudo dito,

nada feito,
fito e deito







conheça mais sobre o Leminski clicando aqui.

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