quinta-feira, 14 de abril de 2011

Brics alertam para risco de colapso na Rodada de Doha


13/4/2011 10:31, Por Redação, com Reuters - de Pequim

Os ministros do Comércio do Brasil, Rússia, Índia e China (que formam o grupo dos chamados Brics), reunidos na capital chinesa, alertaram nesta quarta-feira que as conversações sobre o comércio global estão muito próximas de um resultado negativo, mas acrescentaram estar dispostos a retomar as negociações baseadas em acordos acertados em 2008.

“O delicado equilíbrio de trocas alcançado em mais de 10 anos de negociações e contido no texto de esboço de julho de 2008 corre o risco de entrar em desordem”, disseram os ministros dos Brics no esboço de um comunicado à imprensa obtido pela agência inglesa de notícias Reuters.

Os ministros do Comércio e da Economia estão reunidos na China, antes de uma cúpula dos Brics na quinta-feira. O grupo é a favor de continuar as conversações com base no acordo preliminar que quase resultou em um consenso final em meados de 2008.

“Os ministros continuam dispostos a concluir a rodada com base nas modalidades do esboço”, disse o comunicado. Os Brics são formados por Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul foi recentemente admitida.

Expectativas

O 3º encontro de líderes do Brics será realizado nesta quinta-feira em Hainan, no sul da China. O especialista em relações internacionais da Academia de Ciência Social da China, Ye Hailin, afirmou que apesar dos interesses divergentes entre os países, é aguardada uma voz única do Brics. Ye apontou que a criação de um mecanismo cooperativo é baseada principalmente em interesses comuns. Nos últimos anos, os acontecimentos internacionais unem os integrantes nas suas políticas. Ye exemplificou:

– O caso mais recente é na questão da Líbia. Nenhum integrante do Brics apoiou a iniciativa da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) contra o país africano. Agora, é preciso coordenar a ação. Que os cinco integrantes do Brics conscientemente tomem decisões semelhantes para criar uma voz comum. Será um grande avanço – disse.

Os integrantes do Brics ocupam 30% do território e abrigam 42% da população mundial. O potencial de cooperação é gigante. Cada país vem para o encontro com expectativas e necessidades diferentes. O Brasil quer aproveitar o bloco para reforçar as relações com outros países emergentes e se inserir de forma melhor na cadeia de produção global. A Rússia quer desempenhar papel no mecanismo para elevar a influência internacional. A Índia tem a expectativa de discutir com líderes do Brics sobre política internacional e cooperação econômica entre os integrantes.

A África do Sul quer ser o porta-voz do continente africano e defender os interesses de seus países. Enquanto a China pretende reforçar a coordenação e colaboração com integrantes do Brics nos assuntos internacionais para consolidar e ampliar as parcerias pragmáticas em todas as áreas. Ye comentou:

– A união dos cinco países do Brics é motivada pelo estabelecimento de uma ordem econômica justa. A China quer que os integrantes do grupo procurem pontos comuns para regularizar o mecanismo dos cinco países. Cada país tem seus interesses, mas é esperado por todos um consenso para fortalecer o BRICS.

Trata-se da 1ª cúpula depois de a África do Sul ter sido incorporada ao bloco. O papel da China, país que assumiu a presidência rotativa do BRICS e que tem a 2ª maior economia no mundo, despertou a atenção de todos. Segundo Ye, a China não pretende ser o líder do Brics, mas sim, promover negociações, paz e coordenação dentro do grupo. O especialista explicou:

– A China é um país com economia voltada para o exterior e possui uma alta dependência dos outros. Isso faz com que mantenha um laço estreito com a Índia, Rússia, Brasil e a África do Sul, fato que não é tão evidente entre os outros integrantes do BRICS. O país serve de entreposto tanto de importação quanto de exportação. Os laços comerciais que a China tem com os demais integrantes, a motiva a unir todos, fazendo com que o bloco exerça impacto maior no comércio global.

Os Brics são formados por Brasil, Rússia, Índia, China e também pela África do Sul.

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