Existem vários intelectuais que a definem o seu modo, Karl Marx, Hayden
White, Augusto Comte, Paul Veyne, Keith Jenkins, entre outros. Irei me reter a
dois desses: Paul Veyne e Keith Jenkins, teóricos que se apropriam do discurso
Focalteano para estudar o saber “História”. Ambos têm em comum essa semelhança
com aquilo que Michael Foucault trata que é a questão do discurso. Paul Veyne
diz que a história é uma narração do passado e que sua única exigência é que o
fato narrado tenha ocorrido deveras. Veyne trata disso falando que as ações
humanas existem, e que as importâncias de tais ações serão atribuídas pelo
historiador. “Tudo é histórico, logo a História não existe”, essa máxima
sintetiza aquilo que ele trata. Se formos estudar os grandes acontecimentos
(que assim são denominados pelo valor que os historiadores lhe atribuíram) da
história notaremos que existem várias lacunas, espaços temporais que possuem
uma história, mas para aqueles que constroem esse saber tal abordagem não
interessa.
Analisar a fundação de Campina Grande enfatizando apenas Teodósio de
Oliveira Ledo deixa-nos brecha para estudarmos os nativos que foram trazidos
por ele, povos indígenas que possuem sua história, seus traços influenciaram de
certa forma na fundação da cidade. Logo essa história é escassa ou não existe.
Outro aspecto conceitual que Veyne aborda é a noção de não-factual, os estudos
dos fatos não terão mais uma “capital”, podemos citar como exemplo a “história política”,
o historiador poderá registrar histórias das localidades, das mentalidades, da
loucura, etc. Ele não estará imbuído a estudar apenas política, nisso é quando
se abre as opções de pesquisa, ampliando o trabalho historiográfico. E Veyne
compara esse desenvolvimento com uma floresta na qual foi aberta uma clareira,
e essa clareira é o que se sabe sobre história, e tudo aquilo que se pesquisa
diferente da história convencional é uma abertura nessa clareira.
O trabalho do historiador é absorver essas teorias e entre outras e
buscar fatos que são pertinentes a uma serie de aspectos, não está imbuído na
maioria das vezes registrar o que bem entende, seu trabalho vai depender de sua
ideologia política, convivência com a família, com amigos, com a teoria que
prefere, etc. O historiador possui mesmo com tais “pressões” o poder de
escolher em que trabalhar, pois segundo Veyne a historia é infinita e
indeterminada, ele pode agora estudar algo que é pouco estudado ou ainda não
que foi estudado. Nietzsche disse no século XIX que a história estava morta e
aqueles que a criavam também, isso entendo analisando o dogmatismo e a noção
limitada que a história possuía nessa época.
Keith Jenkins, outro teórico que conceitua a história, começa falando que
tal saber é um discurso entre os vários existentes sobre o mundo e que tal
discurso vai ter como objetivo o passado. História e passado são duas coisas
completamente distintas, uma vem a ser aquilo que o profissional da história
escreve sobre determinado fato que aconteceu e o espaço de tempo no qual esse
acontecimento surgiu. Jenkins facilita essa compreensão chamando de
historiografia o que é escrito pelo historiador e de “o passado” o tempo que
tal escrito aborda.
O mundo é um texto, no qual cabe várias leituras, inúmeras
interpretações de um mesmo acorrido, um historiador não é capaz de registrar
toda a historia, por isso deve-se estar(a historia) em uma constante
autocrítica devido a epistemologia da
época. Ele segue expondo outro argumento para conceituar história e trata agora
da conciliação entre história e passado, pois disso vai depender a
historiografia, daí surgem três campos
problemáticos os quais ao serem compreendidos facilitaram o entendimento sobre
o que é história. A epistemologia, a Metodologia, e a ideologia. Episteme
compreende pelo conjunto de conhecimento que se tem em determinada época, então
nenhum historiador consegue abarcar todo o passado, não consegue registrar
todos os fatos de um período, mesmo que esse seja curto, o relato que ele fará
não conseguirá recuperá o passado tal qual era, pois nenhum relato é
fundamentalmente correto, aí temos a idéia de que a história não é absoluta,
não existe uma verdade e sim verdades ou pontos de vista, e tais pontos estarão
sujeitos à subjetividade do historiador em sua época, hoje podemos falar com
certas liberdades da história homossexual, porém pessoas mais antigas se
provendo do famigerado senso moral não o fariam e nós que estudamos o passado
entendemos o motivo pelo qual essa recusa existe, pois sabemos na maioria das
vezes mais do passado do que aqueles que viveram lá.
Metodologia está no cerne
da fragilidade da história, tendo em vista que a historiografia é um discurso
em constante transformação, ao longo do tempo surgiram diversas correntes de
pensamentos que insistem em uma busca pela verdade. Temos a direita
empiricista, a esquerda marxista, centro empiricista, etc. Cada qual com sua
idéia acerca de diversas questões, as quais são superadas ou não. E aqueles
historiadores que sequem quaisquer que sejam tais correntes estarão limitando
sua liberdade interpretativa, expondo-se a seguir regras e procedimentos
rígidos que no máximo lhes trarão outro ponto de vista sobre um fato qualquer
que se diferenciará de outro por algum critério, isso porque os métodos não
possuem consenso.
No tocante a ideologia a historia vai valer quando escrita
pela classe dominante, logicamente existiu no decorrer da história pontos de
vistas diferentes das pessoas que faziam parte em cada época de um segmento
importante ou não de determinada sociedade. O que conhecemos como história é a
da classe dominante, porém os dominados também possuem uma história, essa que é
reprimida de certa forma pela ala dominante. Expondo essas três idéias(
Epistemologia, Metodologia,Ideologia) irei comentar sobre a prática do
historiador na visão de Keith Jenkins. Quem produz a “história” dos livros
didáticos? Vemos os artigos desses livros bem resumidos e que explica de forma
limitada as fases históricas que são pertinentes a camada dominante, isso
seguindo a idéia da ideologia. Os
historiadores que constroem essas histórias sofrem algumas pressões, seja elas
da academia, dos amigos, da própria ideologia e da subjetividade, além das
pressões do cotidiano, os colegas de trabalho, a editora e ate mesmo o limite
Maximo de paginas que lhe são estipuladas pela ordem hierárquica.
O historiador
deve escolher quais métodos usar em sua pesquisa e como lidar com o material
disponível para esse trabalho, ele segue sua subjetividade e sua ideologia, no
seu empenho como profissional ainda deve seguir um vocabulário próprio, afinal
toda profissão tem sua linguagem própria, e escolher que aspecto histórico
abordar, tendo em vista que tal abordagem será muito limitada, ele pode optar
pelo aspecto político, cultural, econômico, cultural, etc. Assim ele pode agora
estudar os vestígios do passado e transformá-los em uma nova categoria, isso
segundo Keith Jenkins é o fazer histórico, em seguida deve-se perguntar para
quem estou escrevendo, será para o publico infantil, ou para os adultos, ou ainda
para a academia? Saber fazer essa pergunta é essencial para um historiador. Ter
noção do seu publico alvo é um dos requisitos para um bom artigo em história e
nisso é o que consiste a leitura do mundo, especificamente do passado, que por
fim resulta na Historiografia ou até mesmo na História.
OBS: texto elaborado como exigencia da cadeira de Teoria I (História/UEPB), professora Kyara Almeida.
isso aí amigo... força nas reflexões!!!
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