Numa intervenção Poética apresentamos para o bairro o Paulo Leminski e outros poetas que bradam forte causando agonia nos ouvidos da realidade.
As colagens podem ser encontradas no ponto de ônibus em frente à Volvo e em frente à própria Biblioteca! Durante a semana iremos distribuir mais leitura, só assim mais pessoas leem e se envolvem no mundo literário, importante pro corpo e pra alma.
Abaixo segue os texto escolhidos e fotos:
Quando a verdade for
flama - Thiago de Melo
As colunas da
injustiça
Sei que só vão acabar
Quando o meu povo,
sabendo
Que existe, souber
achar
Dentro da vida, o
caminho
Que leva à
libertação.
Vai tardar, mas
saberão
Que esse caminho
começa
Na dor que acende uma
estrela
No centro da
servidão.
De quem já sabe, o
dever
(luz repartida) é
dizer.
Quando a verdade for
flama
Nos olhos da
multidão,
O que em nós hoje é
palavra
No povo vai ser ação.
Chico Science.
O medo dá origem ao
mal
O homem coletivo
sente
A necessidade de
lutar
O orgulho, a
arrogância, a glória
Enche a imaginação de
domínios.
São demônios,
Os que destroem o
poder bravio
Da humanidade
Viva Zapata,
Viva Sandino,
Viva Zumbi
Antônio Conselheiro
Todos os Panteras
Negras
Lampião
Sua imagem e
semelhança
Eu tenho certeza;
Eles também cantara
um dia...
Marco de Estrada
- Ho Chi Minh
Nem muito alto,
Nem muito largo,
Nem imperador,
Nem rei.
Você é só um marco de
estrada,
Que se ergue junto à
rodovia.
As pessoas passam
Você indica a direção
certa,
E impede que elas se
percam.
Você informa a
distância que se precisa ainda percorrer.
Sua Tarefa não é
pequena
E toda gente lembrará
sempre de você
Nem muito alto,
Nem muito largo,
Nem imperador,
Nem rei.
Apenas marco de
estrada.
Paulo Leminski...
Bem
no fundo
No fundo, no
fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta
data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo
o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se
resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
Aqui jaz um grande
poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas.
M.
de memória
Os livros sabem de
cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
tudo dito,
nada feito,
fito e deito
conheça mais sobre o Leminski clicando aqui.
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