quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

FAIXA DE MISS É MAIS IMPORTANTE QUE FAIXA PRESIDENCIAL

Lola Aronovich (professora da UFC)


Tem gente que continua sem entender por que falar de Marcela Temer é desvalorizar a posse da Dilma. Vou tentar desenhar. Imagine que, no histórico janeiro de 2003, quando um operário era empossado pela primeira vez na presidência, algum personagem coadjuvante tivesse roubado a cena. Pior é que nem dá pra imaginar: o contexto de objetificação da mulher ficaria de fora. Mas um rapaz simpático no Twitter me explicou que Marcela chama a atenção porque é um elemento inusitado ver uma ex-miss na posse.

Pois é, aí é que está a questão: elemento inusitado é termos eleito nossa primeira presidenta. Elemento inusitado é que ela seja uma ex-guerrilheira. Elemento inusitado é ela ter sido escolhida sem nunca ter participado de uma eleição. Não há nada de inusitado referente a Marcela. Pelo contrário, ela representa o padrão.

Em montes de escândalos políticos é comum aparecer a amante do corrupto, ou a ex-mulherindignada. Se ela for jovem e bonita (redundância: pra ser considerada bonita só sendo jovem. Dilma, com 63 anos, não tem nenhuma chance!), imediatamente será convidada a posarnua pra alguma revista masculina. No curto espaço em que Jango foi presidente (1961-64), muito se falava da sua mulher, Maria Teresa. No auge da briga dos irmãos Collor, outra Tereza roubou a cena. Elas não chamaram a atenção por sua inteligência, por sua competência, sequer por sua simpatia. Apenas por sua beleza e juventude. É bem esse o papel dedicado a todas as mulheres: a função decorativa. Mulher só presta se for bonita (ou mãe).

Então, no dia em que uma mulher prova, pela primeira vez na história brasileira, que é competente o suficiente pra governar um país, o que vemos? Vou dar um exemplo, vindo de um jornalista de esquerda, um dos maiores professores de jornalismo do país (não quero citar nomes). Acompanhe o tweet do cidadão: “Não convidaria Dilma para desfilar numa passarela, eu a aconselharia a emagrecer, mas as linhas do rosto são bonitas”. Ele não entende que Dilma — ao contrário de, aparentemente, todas as mulheres na face da Terra — não é candidata a miss nem modelo. Ela é presidenta! Precisa ser bonita? Lula é bonito? FHC era? Ninguém cobra aparência de político homem. Mas Dilma não precisa ser bonita por ser presidenta. Ela precisa ser bonita porser mulher. É o que se espera de qualquer mulher. (E o professor ainda cai no clichê “ela é gorda, mas tem o rosto bonito”).

Não é só nos Trending Topics que Marcela Temer tem destaque. É na velha mídia em geral. Saiu na Veja que ela roubou a cena da posse. Que legal, né? No dia em que a primeira presidenta tomaposse, a atenção dada à primeira-dama (papel meramente figurativo) não nos deixa esquecer de como as mulheres devem ser avaliadas (unicamente pela aparência). Saiu no Globo. Já temuma legião pedindo “Marcela pra presidente!”. E não vou nem entrar no mérito do que se anda falando de Marcela. Um comentário num jornal resume tudo: "Quem gosta de pinto é o pessoal alternativo. Mulher gosta é de $$$". Sacaram? Toda mulher é prostituta, só se relaciona com alguém por dinheiro. Claro que não é por gostar de sexo, né? (e o panaca que diz essas asneiras não entende que está desrespeitando todas as mulheres).

Colhi alguns comentários de um blog de extrema direita, pra vocês se deliciarem com o que vem sendo dito:

- Marcela deveria ganhar um ministério, o das gostosas do Brasil! Eita ministério chinelento, feio e incompetente esse da Dilma!

- No meio dessa bagulhada petista a guria fica melhor ainda!

- Triste é ver a Marcela e ter que se deitar com a Galega [Marisa].

- Se a véia [Dilma] morrer nós vamos ter uma primeira-dama do balacubaco! Oh, meu Deus, mata a véia!

- Vendo a Dilma e seu ministério, a gente só sossega tomando uma. Vendo a Marcela e seus mistérios, a gente só sossega bat... uma!

- Temos duas ótimas chances da Marcela vir a ser nossa primeira-dama: se Dilma morrer. Se Temer morrer.

Não é linda essa homenagem à mulher brasileira? Talvez, apenas talvez, se nossos homens de esquerda se dessem conta que, com suas piadinhas sem graça, agem igualzinho à nova mídia e aos blogs reaças, eles percebam que essa atitude é um tapa na cara das mulheres.

Aos reaças interessa espalhar que a posse de Dilma não significa nada, que Dilma é tão irrelevante (um poste, lembram?) que até uma figura desconhecida e muda pode lhe tomar os holofotes. E aos homens de esquerda? O que ganham deixando claro que a importância de uma mulher se mede pela beleza?

P.S.: Pra quem (ainda!) não entendeu, e interpretou este texto como um ataque a Marcela, ou à beleza de Marcela, tive de escrever um outro post.

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Dupla rendição


Zuenir Ventura

Na cerimônia de posse de Dilma Rousseff, houve momentos de ineditismo para figurar na série "nunca antes na história deste país", a começar pelo ponto culminante do espetáculo: um homem passando a faixa presidencial para uma mulher. Houve Lula quebrando o protocolo e caindo nos braços do povo chorando, houve a nova presidente de braços dados com o anterior, houve um efusivo aperto de mãos entre Hillary Clinton e Hugo Chávez. Mas o que mais chamou minha atenção, pelo simbolismo e significado histórico, foi a revista das tropas - uma cena marcante em que se observou uma dupla rendição à democracia. De um lado, a ex-guerrilheira que há mais de duas décadas acreditava tomar o poder pelas armas. Do outro, perfilados e em reverente continência, representantes das forças militares que na mesma época sustentavam com mão de ferro a ditadura.

Nenhuma das duas partes acreditava na democracia, que acabou sendo a única vencedora da história. Alguns dias antes, como presente de Natal para os argentinos, o general ditador Rafael Videla, 85 anos, que governara o país de 1976 a 1981, era condenado à prisão perpétua por crime contra a humanidade, ele e mais doze comparsas - policiais, militares e carcereiros - por terem sequestrado, torturado e fuzilado 31 presos políticos em 1976. O julgamento parecia feito de propósito pelos hermanos para humilhar o Brasil, que até hoje não conseguiu mandar para a cadeia um torturador sequer, general ou soldado raso. Em compensação, quando Dilma desfilou toda garbosa diante das tropas, o rito poderia ser interpretado como uma espécie de troco. Era como se dissés-semos: é verdade que não conseguimos condenar ex-torturadores, mas elegemos uma ex-torturada presiden-te da República.

No seu discurso de posse, a minis-tra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, prometeu avançar no proces-so de reconhecimento das violações ocorridas no período do regime mili-tar. O projeto de lei que cria a Comis-são Nacional da Verdade sobre os mortos e desaparecidos foi enviado ao Congresso em maio de 2010 por Lula e tem por objetivo promover a reconci-liação nacional, esclarecendo os "casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria". Rosário garante que "não se trata jamais de revanche" e, otimista, afirma que dentro das Forças Armadas "existe também o desejo de ter esse processo concluído". Será? Não sei, mas talvez seja um traço do caráter nacional a facilidade com que anistia-mos e a dificuldade com que punimos os culpados, o que não é a melhor maneira de fazer justiça nem história.

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Esquecer NUNCA!

Projeto de lei que cria Comissão da Verdade ficou parado na Câmara

Partidos ainda não indicaram representantes que deverão analisar proposta

Evandro Éboli

BRASÍLIA. O projeto de lei que cria a Comissão Nacional da Verdade foi enviado pelo governo Lula em maio do ano passado, mas praticamente não tramitou na Câmara. O então presidente da Casa e hoje vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), chegou a assinar o ato de criação de uma comissão especial para discutir e votar o projeto. Mas, até hoje, nenhum líder partidário indicou um representante para integrar esse grupo.

Ao tomar posse, anteontem, a nova ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, destacou a aprovação da Comissão da Verdade como uma de suas prioridades.

O líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), considera que este é um tema difícil de ser tratado, e que a aprovação depende de muita negociação. Ferro defende sua aprovação, mas reconhece que há resistências em setores militares.

- É um tema delicado, mas não pode ser colocado como um tabu, que não se pode falar nesse assunto. Co-missão da Verdade é algo que ocorreu em vários países da América Latina. As pessoas vêem a comissão como um ajuste de contas com a direita e seu histórico de violência. Mas é um ajuste de contas com a História. O silêncio e a negação em enfrentar essa matéria é o pior caminho - disse Ferro.

Coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, o deputado Paes de Lira (PTC) é contra a criação da Comissão da Verdade e diz que seu destino já está pré-estabelecido. Mesmo sem ser aprovada, a comissão, para ele, faz uma condenação prévia dos que defenderam o regime militar.

- Esta é a comissão de uma certa verdade. Os réus já foram escolhidos, são aqueles militares que, nos anos de chumbo, estiveram do lado da legalidade e lutaram contra o estabelecimento de uma ditadura comunista. Se instalada no Brasil, seria das mais brutais, com chacina e paredão. Esta comissão é um júri de opinião formada - disse Lira.

Os objetivos da Comissão da Verdade, segundo o projeto de Lula, são: esclarecer fatos e circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos; esclarecer circunstâncias de torturas, mortes, desaparecimentos e ocultação de cadáveres; identificar e tornar públicos locais onde foram cometidos esses crimes; e colaborar para apuração dessas violações, mas observados os limites da Lei da Anistia.

Se o projeto for aprovado ainda neste governo, caberá à presidente Dilma Rousseff indicar seus sete integrantes, que precisam ser pessoas de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificadas com a defesa da democracia e respeito aos direitos humanos. Depois de instalada, a Co-missão da Verdade funcionará por dois anos.

Discurso de posse da ministra da Cultura, Ana de Hollanda

Segunda-feira, 03 de Janeiro de 2011

Excelentíssimos Srs. ministros e ministras, senadores e deputados, demais autoridades presentes, caríssimos servidores do Ministério da Cultura do Brasil,
Minhas amigas, meus amigos, boa tarde.
Antes de mais nada, quero dizer que é com alegria que me encontro aqui hoje. Uma espécie de alegria que eu talvez possa definir como uma alegria densa. Porque este é, para mim, um momento de emoção, felicidade e compromisso.
Sinto-me realmente honrada por ter sido escolhida, pela presidenta Dilma Rousseff, para ser a nova ministra da Cultura do meu país.
Um momento novo está amanhecendo na história do Brasil – quando, pela primeira vez, uma mulher assume a Presidência da República. Por essa razão, me sinto também privilegiada pela escolha. Também é a primeira vez que uma mulher vai assumir o Ministério da Cultura. E aqui estou para firmar um compromisso cultural com a minha gente brasileira.
Durante a campanha presidencial vitoriosa, a candidata Dilma lembrou muitas vezes que sua missão era continuar a grande obra do presidente Lula. Mas nunca deixou de dizer, com todas as letras, que “continuar não é repetir”.
Continuar é avançar no processo construtivo. E quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Este será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar – e avançar.
A política cultural, no governo do presidente Lula, abriu-se em muitas direções. O que recebemos aqui, hoje, é um legado positivo de avanços democráticos. É a herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país.
Sua principal característica talvez tenha sido mesmo a de perceber que já era tempo de abrir os olhos, de alargar o horizonte, para incorporar segmentos sociais até então desconsiderados. E abrigar um conjunto maior e mais variado de fazeres artísticos e culturais. Em consequência disso, muitas coisas, que andavam apagadas, ganharam relevo: grupos artísticos, associações culturais, organizações sociais que se movem no campo da cultura. E se projetou, nas grandes e médias cidades brasileiras, o protagonismo colorido das periferias.
É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento – como as ações urbanas previstas no PAC 2, com suas praças, jardins, equipamentos de lazer e bibliotecas. E as obras do PAC das cidades históricas, destinadas a iluminar memórias brasileiras. Enfim, minha gestão jamais será sinônimo de abandono do que foi ou está sendo feito. Não quero a casa arrumada pela metade. Coisas se desfazendo pelo caminho. Pinturas deixadas no cavalete por falta de tinta.
Quero adiantar, também, que o Ministério da Cultura vai estar organicamente conectado – em todas as suas instâncias e em todos os seus instantes – ao programa geral do governo da presidenta Dilma. Às grandes metas nacionais de erradicar a miséria, garantir e expandir a ascensão social, melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras, promover a imagem, a presença e a atuação do Brasil no mundo. A chama da cultura e da criatividade cultural brasileira deverá estar acesa no coração mesmo de cada uma dessas grandes metas.
Erradicar a miséria, assim como ampliar a ascensão social, é melhorar a vida material de um grande número de brasileiros e brasileiras. Mas não pode se resumir a isso. Para a realização plena de cada uma dessas pessoas, tem de significar, também, acesso à informação, ao conhecimento, às artes. É preciso, por isso mesmo, ampliar a capacidade de consumo cultural dessa multidão de brasileiros que está ascendendo socialmente.
Até aqui, essas pessoas têm consumido mais eletrodomésticos – e menos cultura. É perfeitamente compreensível. Mas a balança não pode permanecer assim tão desequilibrada. Cabe a nós alargar o acesso da população aos bens simbólicos. Porque é necessário democratizar tanto a possibilidade de produzir quanto a de consumir.
E aproveito a ocasião para pedir uma primeira grande ajuda ao Congresso, aos senadores e deputados agora eleitos ou reeleitos pela população brasileira: por favor, vamos aprovar, este ano, nesses próximos meses, o nosso Vale Cultura, para que a gente possa incrementar, o mais rapidamente possível, a inclusão da cultura na cesta do trabalhador e da trabalhadora. Cesta que não deve ser apenas “básica” – mas básica e essencial para a vida de todos. Em suma, o que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural. Para acabar com a fome de cultura que ainda reina em nosso país.
A mesma e forte chama da cultura e da criatividade do nosso povo deve cintilar, ainda, no solo da reforma urbana e no horizonte da afirmação soberana do Brasil no mundo. Arquitetura é cultura. Urbanismo é cultura. Na visão tradicional, arquitetura e urbanismo só são “cultura” quando a gente olha para trás, na hora de tombamentos e restaurações. Isso é importante, mas não é tudo. Arquitetura e urbanismo são cultura, também, no momento presente de cada cidade e na criação de seus desenhos e possibilidades futuras. Hoje, diante da crise geral das cidades brasileiras, isso vale mais do que nunca.
O que não significa que vamos passar ao largo da vida rural, como se ela não existisse. O campo precisa de um “luz para todos” cultural.
De outra parte, o Ministério da Cultura tem de realmente começar a pensar o Brasil como um dos centros mais vistosos da nova cultura mundial.
Quero ainda assumir outro compromisso, que me alegra ver como uma homenagem ao nosso querido Darcy Ribeiro. Estaremos firmes, ao lado do Ministério da Educação, na missão inadiável de qualificar o ensino em nosso país. Se o Ministério da Educação quer mais cultura nas escolas, o Ministério da Cultura quer estar mais presente, mediando o encontro essencial entre a comunidade escolar e a cultura brasileira. Um encontro que há muito o Brasil espera – e onde todos só temos a ganhar.
Pelo que desde já se pode ver, o Ministério da Cultura, na gestão de Dilma Rousseff, não será uma senhora excêntrica, nem um estranho no ninho. Vai fazer parte do dia-a-dia das ações e discussões. Vai estreitar seus laços de parentesco no espaço interno do governo. Mas, para que tudo isso se realize, na sua plenitude, não podemos nos esquecer do que é mais importante.
Tudo bem que muita gente se contente em ficar apenas deslizando o olhar pela folhagem do bosque. Mas a folhagem e as florações não brotam do nada. Na base de todo o bosque, de todo o campo da cultura, está a criatividade. Está a figura humana e real da pessoa que cria. Se anunciamos tantos projetos e tantas ações para o conjunto da cultura, se aceitamos o princípio de que a cultura é um direito de todos, se realçamos o lugar da cultura na construção da cidadania e no combate à violência, não podemos deixar no desamparo, distante de nossas preocupações, justamente aquele que é responsável pela existência da arte e da cultura.
Visões gerais da questão cultural brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e o processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer, é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções. A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro, que vai do Círio de Nazaré às colunatas do Palácio da Alvorada, passando por muitas cores e tambores.
Sim. A riqueza da cultura brasileira é um fato que se impõe mesmo ao mais distraído de todos os observadores. Já vai se tornando até uma espécie de lugar comum reconhecer que a nossa diversidade artística e cultural é tão grande, encantadora e fascinante quanto a nossa biodiversidade. E é a cultura que diz quem somos nós. É na criação artística e cultural que a alma brasileira se produz e se reconhece. Que a alma brasileira brilha para nós mesmos – e rebrilha para o mundo inteiro.
E aqui me permitam a nota pessoal. Mas é que não posso trair a mim mesma. Não posso negar o que vi e o que vivi. Arte e cultura fazem parte – ou melhor, são a minha vida desde que me entendo por gente. Vivência e convivência íntimas e já duradouras. Nasci e cresci respirando esse ar. Com todos os seus fluidos, os seus sopros vitais, as suas revelações, os seus aromas, as suas iluminuras e iluminações… E nesse momento eu não poderia deixar de agradecer ao meu pai e à minha mãe, que me abriram a mente para assimilar o sentido de todas as linguagens artísticas e culturais. É por isso mesmo que devo e vou colocar, no centro de tudo, a criação e a criatividade. O grande, vivo e colorido tear onde milhões de brasileiros tecem diariamente a nossa cultura.
A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa.
Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando.
A partir deste momento em que assumo o Ministério da Cultura, cada artista, cada criadora ou criador brasileiro, pode ter a certeza de uma coisa: o meu coração está batendo por eles. E o meu coração vai saber se traduzir em programas, projetos e ações.
Sei que, neste momento, a arte e a cultura brasileiras já nos brindam com coisas demais à luz do dia, à luz da noite, em recintos fechados e ao ar livre. E vamos estimular e fortalecer todas elas. Objetivamente, na medida do possível. E subjetivamente, na desmedida do impossível. Mas sei, também, que coisas demais ainda estão por vir, das extensões amazônicas à amplidão dos pampas, passeando pelos assentamentos da agricultura familiar, por fábricas e usinas hidrelétricas, por escolas e canaviais, por vilas e favelas, praias e rios – entre o computador, o palco e a argila. Porque, no terreno da cultura, para lembrar vagamente, e ao inverso, um verso de Drummond, todo barro é esperança de escultura.
É preciso descentralizar, sim. Mas descentralizar sem deserdar. É preciso dar formação e ferramentas aos novos. Mas garantindo a sustentação objetiva dos seus fazeres. Porque, como disse, muita coisa ainda se move em zonas escuras ou submersas, sem ter meios de aflorar à superfície mais viva de nossas vidas. É preciso explorar essas jazidas. Explorar a imensa riqueza desse “pré-sal” do simbólico que ainda não rebrilhou à flor das águas imensas da cultura brasileira.
Por tudo isso é que devo dizer que a atuação do Ministério da Cultura vai estar sempre profundamente ligada às raízes do Brasil. Pois só assim vamos nos entender a nós mesmos. E saber encontrar os caminhos mais claros do nosso futuro.
Minhas amigas e meus amigos, antes de encerrar, quero me dirigir às trabalhadoras e aos trabalhadores deste Ministério. De uma forma breve, mais breve do que gostaria, mas a gente vai ter muito mais tempo para conversar. De momento, quero apenas dizer o seguinte: seremos todos, aqui, servidores realmente públicos. Vou precisar, passo a passo, da dedicação de todos vocês. Vamos trabalhar juntos, somar esforços, multiplicar energias, das menores tarefas cotidianas, no dia-a-dia deste Ministério, às metas maiores que desejamos realizar em nosso país.
Em resumo, é isso. O que interessa, agora, é saber fazer. Mas, também, saber escutar. Quero que a minha gestão, no Ministério da Cultura, caiba em poucas palavras: saber pensar, saber fazer, saber escutar. Mas tenho também o meu jeito pessoal de conduzir as coisas. E tudo – todas as nossas reflexões, todos os nossos projetos, todas as nossas intervenções –, tudo será feito buscando, sempre, o melhor caminho. Com suavidade – e firmeza. Com delicadeza – e ousadia.
Mas, volto a dizer, e vou insistir sempre: com a criação no centro de tudo. A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista.
Muito obrigada



Angela Luciane Peyerl.
Museu Histórico de Itajaí
Setor de Conservação e Restauro

Graduanda em Museologia

UNIBAVE.

Navegantes/SC - Brasil
47-99535889

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A breve história do bairro do Tambor.

Estamos iniciando nesse inicio de ano alguns projetos que estavam em mente para serem realizados.
Um desses será o registro das memórias daquelas pessoas mais antigas do bairro para que possamos ter uma breve história do Tambor. Já foram cogitados alguns dos nomes que receberão a proposta para serem entrevistados.
Com isso seremos um dos bairros de Campina Grande que possuem sua história escrita. A proposta é transformar as mémorias sobre o bairro em um material disponivel a todas as pessoas que se interessarem em conhecer melhor como surgiram as primeiras casas, as construções que intencificaram o povoamente, as estórias misteriosas do bairro, como os lobisomens que andavam em volta assustando muitos moradores, etc.
Vamos da inicio às em entrevistas muito em breve. Existe também a proposta de ser feito um documentário durante as entrevistas que seria nesse caso mais um registro documental dos mais antigos que a partir disso irão se identificar com a história do bairro contada por eles.

Multiculturalismo na Educação: PCN’s e as “Diretrizes para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana”.

Autor: Williams Lima Cabral.

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Resumo.

Este trabalho pretende discutir o multiculturalismo, como ele surgiu e em que circunstância, quais os autores que tratam desse tema, e com isso levá-lo para o campo da educação, como os PCN’s vem tratando essa questão, os cuidados que eles devem ter com os conceitos de cultura, sabendo que os textos que encontraremos nesses documentos não permitem uma idéia unívoca do assunto. Fazemos uso de autores como a Marta Abreu e Hebe Mattos que discutem essa questão nos mostrando que os PCN’s foram textos que antecederam as “diretrizes para o ensino de história e cultura afro-brasileira” reconhecendo que para isso foi mister e louvável a luta do movimento negro. Analisando se atualmente os formadores de professores de história ensinam “na” e “para” uma perspectiva multicultural. Tendo como base a consciência das dificuldades que a educação no país sofre, perspectiva de como usar o currículo para inserir, abordar e discutir a história daqueles que possuem uma história marcada pela opressão e injustiça a exemplo da História afro-brasileira e africana. Defendendo argumentos que propiciem uma identidade individual/coletiva nesse contexto multicultural, no qual a escola é o lugar indicado para essas discussões. Abordando também as idéias expostas no artigo intitulado “Formação de professores/as e ensino de história: a perspectiva multicultural em debate” das autoras Selva Guimarães Fonseca e Regina Célia do Couto que nos darão apoio às nossas colocações acerca do tema.

Palavras-chaves: Multiculturalismo, educação, PCN’s.

O multiculturalismo surge em território estadunidense não apenas como forma de luta da cultura negra mais como bandeira de luta de outras “minorias” e como abordagem curricular contrária a todo forma de discriminação, de preconceito ou qualquer outro modo de oprimir a cultura do “outro”. A busca inicial era pela superação do racismo e por direitos civis. Os precursores do Multiculturalismo foram professores doutores afro-descendentes, docentes universitários da área universitária que trouxeram por meio de seus trabalhos questões sociais, culturais, política, etc. São alguns deles George W. Williams, Carter G. Woodson, W.E.B. Dubois, Charles H. Wesley, St. Claire Drake. Estes baseavam-se em argumentos científicos para promover entre populações segregadas a buscar por direitos iguais. O multiculturalismo é também uma estratégia política de reconhecimento e representação da diversidade cultural existentes nas escolas e não se pode entendê-la dissociada às lutas de grupos que tem suas culturas oprimidas.

Para discutirmos multiculturalismo na educação hoje devemos nos ater a questão do processo de globalização e neoliberalismo que vivemos, os quais divulgam um padrão de cultura, de modo de ser que impede os indivíduos de exercerem aquela cultura na qual estes fazem parte. Pensar como a educação lida com isso é questão primordial para o aperfeiçoamento tanto do profissional como do entendimento deste caminho. Essa concepção e experiência pedagógica surgiram nos Estados Unidos no inicio do século XX, justamente inicio do processo de globalização, percebido na época pelo filosofo Theodor Adorno. Foi exportada para a Europa com a intenção de enfrentar as questões econômicas, políticas, religiosas, etc. que circundavam não só estes territórios, mas vários outros que estavam a ser cooptados pela globalização.

Diante disso devemos perceber nosso quadro atual, marcado pela revitalização do capitalismo no qual existe um processo de universalização do capital e o crescente aumento dos intercâmbios culturais, que se tornou uma prática também cooptada pelo capital se vermos o enquadramento dos passeios turístico por locais que para esses o diferente é exótico, é atração turística, em um processo de verdadeira “safarização” do homem pelo homem. Sobre isso Valente argumenta (1999): “Aceitar as diferenças e enriquecer-se com elas continua a ser um problema que hoje ninguém sabe resolver porque supõe o reconhecimento da alteridade”.

A globalização faz com que surja aqueles grupos que se sentem sufocados e que lutam pelo reconhecimento e respeito pelas suas culturas e pelos seus costumes, algumas vezes fazendo surgir conflitos e revoltas geradas por conta disso. Saber tratar o multiculturalismo na educação como meio de se ter nas salas de aula maior aceitação das diferenças é um ponto primordial para a preparação de educadores que terão consciência do quadro social, econômico, cultural, religioso e estrutural que ele encontrará nas salas de aula a fora. Discutir como tratar, por exemplo, de histórias de sociedades nos livros que trazem abordagem de cunho altamente preconceituosa, não altera e que impõe uma cultura uniforme em um contexto multicultural, esse é um dos desafios do professor nesse contexto da educação.

Nessa fase de questionamentos podemos nos deparar com a situação em que se encontram os PCN’s, será que estes documentos estão sendo avaliados ou até mesmo sendo criados da maneira a se perguntar sobre tais questões multiculturais, pois em um país onde a diversidade cultural é inerente ao seu povo, a diversidade deve ser respeitada em detrimento de uma cultura globalizante que uniformiza as sociedades e depressa os diferentes. Os professores irão ter pela frente a função de lidar com a diversidade dos estudantes bem como com essa cultura capitalista que degenera e deixa no esquecimento conceitos importantes para o convívio social como o conceito de alteridade e até mesmo o de diversidade.

No artigo intitulado “Formação de professores/as e ensino de história: a perspectiva multicultural em debate” de Selva Guimarães Fonseca e Regina Célia do Couto levantam estas questões baseadas na formação dos professores e analisam os parâmetros curriculares no ensino de História no país, perguntam-se ainda se as instituições formadores de tais professores trabalham com a pluralidade cultural e outra pergunta levantada é se os formadores de professores de história formam “na” e “para” uma perspectiva multicultural.

Para Fonseca a formação dos professores a partir de uma perspectiva multicultural acarreta uma mudança de postura e também pedagógica no decorrer de sua experiência enquanto docente. Citando McLaren a autora afirma que assumir uma postura multiculturalista é “compreender a representação de raça, classe e gênero como resultado de lutas sociais mais sobre signos e significações”. Ainda baseado neste autor Fonseca e Couto discutem as diferenças como sendo uma construção histórica, como um produto histórico, “é sempre o produto da história, cultura, poder e ideologia. A diferença ocorre entre dois grupos e deve ser compreendida em termos das especificidades de sua produção”. Para a obtenção de uma transformação social segundo as autoras, é preciso ter em mãos o multiculturalismo crítico, que viria a desmantelar o projeto hegemônico que rege a sociedade, projeto esse que vê a diversidade como uma mescla de culturas, mas cada uma com seus significados particulares. Para haver de fato uma mudança é necessário transformar as relações sociais, institucionais que criam os significados pondo a cultura como algo homogêneo.

Aquilo que para Mclaren se constitui como sendo “a questão urgente do novo milênio”, justamente a pluralidade etno-cultural e a necessária política de justiça universal, foram abordadas em 1999 na reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPEd), questões que ficaram explicitas no titulo do evento, a questão da diversidade e da desigualdade, indicando esta como o principal desafio da educação na fronteira do século. Essa problemática tem sido abordada numa visão do Multiculturalismo em espaços nos quais, a formação docente vem crescendo e sendo discutida e negociada de modo intenso. Conforme Ana Canen pesquisadora do PROEDES(UFRJ) que trabalha com as teses e dissertações sobre o que dizem estes trabalhos acerca do multiculturalismo na educação, ela cita vários autores que trabalham com esta temática, a exemplo de Lopes (1999), Moreira (1999) e Silva (1999), estudos que vem tencionando o campo do currículo, trazendo novos olhares e valorização de identidades culturais que estavam, se não já, apagadas ou negadas dos componentes curriculares monoculturais (Eurocêntrico). A pesquisa da Ana Conen vem levantar a emergência de se discutir o multiculturalismo na educação e começando no principio, ou seja, na formação do corpo docente e na construção do currículo, ela tem como base as teses e dissertações elaboradas em 1981 a 1998, encontrados no CD Rom da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação.

A educação em nosso país sofre com dificuldades diversas, o currículo deve ser pensado de acordo com as necessidades vigentes, de analisar quais as melhores formas de tratar a sua diversidade cultural, mas a deficiência nos currículos é um problema isolado e interno, existem problemas maiores e que externamente são mais conhecidos. A começar pela estrutura física que na maioria das vezes não oferece conforto e segurança para os estudantes, um quesito que também se envolve com o multiculturalismo na educação são as leis das cotas raciais e universais que dividem opiniões e que trazem à tona a deficiência de pessoas pobres e negras conseguirem ingressar em uma universidade publica. Sabemos que tudo se relaciona com o processo da história que existiu em nosso país, o qual excluiu e ainda o faz, o negro, índio, ciganos, pessoas pobres no geral que se vêem afastados da educação como se isso fosse natural, algo que se configura em uma questão de educação de base, pois como os professores não trabalham muito a história cultural desses povos de forma a “normalizar” seus costumes e suas crenças, fazendo com que o problema fosse amenizado, se não existir um incentivo maior por parte dos professores e do estado nessa empreitada? A formação de um corpo docente capaz de levantar tais questões e discuti-la em seu cotidiano, porque aquilo que faz com que culturas outras sejam excluídas do processo educacional, social, econômico, etc. age cotidianamente.

Defendemos argumentos que propiciem um reconhecimento identitário individual em um meio onde se é possível encontrar um multiculturalismo, na construção das diferenças e valorização e ampla discussão de alteridade, fundamental para o respeito e convívio recíproco. E o local onde estas discussões devem ser efetivadas é justamente nas escolas, devem ser sempre lembradas nas salas de professores, devem ser registradas nos documentos curriculares e estampada em cartazes por todos as escolas, sejam elas particulares ou publicas.

Algo que como já mencionamos é tarefa árdua, pois na realidade as diferenças que são pautadas pela sociedade são as que tem como pontos as desigualdades, e a noção de superior x inferior, é uma diversidade forjada na hipocrisia social que segue um padrão estabelecido e todos outros existentes são colocados como exótico, do mal, a diferença é tratada como se isso fosse uma anormalidade incoerente, que, por exemplo, a existência de monoteístas e politeístas convivendo em espaços iguais, mas que aqueles que crêem em um único Deus, insistem em julgar os deuses de outras pessoas como maligno, ou apregoando adjetivos negativos com o objetivo de depreciar a cultura do outro.

Essas discussões acerca das dificuldades encontradas na questão multicultural na educação são difíceis de serem discutidas, pois a diversidade de costumes, tradições, culturas entre outros vários aspectos sociais, não recebem à atenção devida, em um universo onde o igual é divulgado como sendo o normal, o aceitável faz com outras culturas sejam “sufocadas” E é dessa forma que esta polemica questão é abordada, parece fácil, entretanto é deveras complexa, uma possível solução que vamos encontrar a médio e curto prazo vai ser pautada em diálogos constantes e exaustivos, nos quais com certeza irão surgi as diferenças impostas pelo sistema e a tentativa de hegemonia desse, leia-se a identidade “eurocentrícanorteamericananizada”, cristocentrica, capitalista e preconceituosa, é preciso está atento e forte para que não haja de fato o reconhecimento de tal pensamento, que seja respeitada de fato e de lei o multiculturalismo na educação como forma até de buscar o diálogo com os estudantes, discutir como diversos grupos foram construídos e que as diferenças também são socialmente construídas . Não é algo utópico estas questões, pois sabemos que a partir do momento que conseguimos aceitar o outro inicialmente nas salas de aula como ele é, alteramente, veremos que a tolerância o respeito e valores até então quase que esquecidos coletivamente irão surgir de forma efetiva

O ensino de história que trate de questões relativas às diversas sociedades e suas culturas tem um papel quase que de responsabilidade com a educação de estudantes diversificados. Paiva analisa da seguinte forma: “A idéia de uma história estática, factual, que parou no tempo e deve ser decorada, é muito contrária à dinâmica do mundo hoje. Formar professores de História na perspectiva multicultural, da forma como eu entendo, é, exatamente, formar profissionais gabaritados, competentes para fazer com que outras tantas milhares de pessoas, de estudantes, possam realmente compartilhar do mundo, no qual ele se insere, no mundo que eles constroem”. ( Paiva: UFMG).

A perspectiva multicultural na educação é primordial para que tenhamos crianças, jovens e adultos capazes que ver no outro a diferença a ser respeitada, reconhecer que existe uma variedade de pensamentos que podem ser ou não convergentes mas que mesmo assim convivem no mesmo território, na mesma escola ou bairro e que a comunicação entre essas diferenças é que traz o enriquecimento cultural, intelectual, e ocorre um melhoramento no caráter que é construído por este respeito que sempre deve ser mútuo.

Referências bibliográficas.

BOTLER, alice happ. In: Educação, multiculturalismo e ética.

CANEN, ana, ARBACHE, ana paula, FRANCO, monique. In: Pesquisando multiculralismo e educação: o que dizem dissertações e teses.

FONSECA, guimarães selva. COUTO, regina célia. In: Formação de professores/as e ensino de história: a perspectiva multicultural em debate.

SILVA, maria de albuquerque da, BRANDIM, maria rejane lima. In: Multiculturalismo e educação: em defesa da diversidade cultural.

COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA DO GRILO: “IDENTIDADES E POLÍTICAS SOCIAIS”.


Autor: Williams Lima Cabral - UEPB

(co) Autora: Maria Regina Alves dos Reis - UEPB

Orientadora: Dra.Maria Lindaci Gomes de Sousa

Nossa pesquisa se volta para as memórias, identidades, práticas e modos de fazer dos Remanescentes Quilombolas do Grilo, que se localiza na zona rural do Município de Serra Redonda-PB. Iremos apresentar os resultados parciais obtidos com as entrevistas e nossas experiências adquiridas com nossas visitas. Vamos enfatizar nesse trabalho a questão das identidades das pessoas da comunidade e analisar as políticas sociais voltadas para a população negra, como o Eixo 6 (seis) dos objetivos do Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial- PLANAPIR que se refere as Comunidades Remanescentes de Quilombos, dos quais no tópico I dá a garantia de: promover o desenvolvimento econômico sustentável das comunidades remanescentes de quilombos, inserido-as no potencial produtivo nacional, no II: promover a titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos em todo o País, e ainda destacando outro tópico desse eixo daremos ênfase ao VI no qual fica exposto a garantia de: promover a identificação e levantamento socioeconômico de todas as comunidades remanescentes de quilombos do Brasil. Vamos fazer uso de autores como Michel de Certeau, para analisar quais as estratégias e táticas são usadas no cotidiano da comunidade, iremos trabalhar as memórias fazendo uso de Le Goff, Maurice Halbwachs para discutirmos a memória individual e coletiva e faremos uso de Stuart Hall e ver quais identidades são ditas e construídas a partir das falas coletadas pelas entrevistas.

Palavras-chave: remanescente quilombola, identidade, políticas publicas.

Os Quilombos eram uma das formas de resistência do negro escravizado, havia diversos outros modos de ir contra a escravidão, como a guerrilha, insurreições urbanas, as fugas em massa, etc. (Moura p10). Os senhores criavam estratégias diversas para justificar essa dominação, eles tinham que cristalizar a idéia de que o negro estava abaixo de suas vontades, uma dessas formas era a de afirmar a inferioridade da população negra, divulgar esse ideal em detrimento da liberdade de indivíduos que possuíam famílias, costumes e tradições antes de ser capturado covardemente e ser transformado em objeto de mercadoria, ser escravizado.

Porém, ao ser forçado ao trabalho escravo, o negro resistiu, lutou, e negou esse regime opressor, através do assassínio dos senhores, dos feitores, dos capitães-do-mato, o suicídio, as fugas individuais, (Moura, p 13-14), a formação de quilombos era outra tática usada por eles.

Clovis Moura em seu livro Quilombo: Resistência ao escravismo, nos da definição acerca do que vem a ser quilombo, ele cita a definição dada pelo rei de Portugal datada de 2 de Dezembro de 1740: “toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem filões neles”. Logo qualquer agrupamento de negros fugidos já se constituía um quilombo, um modo de resistência contra o sistema vigente. Este autor cita o historiador Josemir Camilo de Melo para expor o grau de organização que esses agrupamentos alcançaram: “os quilombos haviam chegado a um nível de organização ponderável, pondo em pânico os senhores que usavam de todos os recursos para exterminá-los”. Porém os esforços para o extermínio dos quilombos não obtiveram total êxito. Ilka Boaventura em seu artigo intitulado “Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas” deixa claro a persistência dos quilombos em território nacional:

“O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial, reaparece no Brasil / republica com a Frente Negra Brasileira (1930/40) e retorna à cena política no final dos anos 70, durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de uma questão persistente, tendo na atualidade importante dimensão de luta dos afro-decendentes.” ( Boaventura. P.1)

Essa autora faz uma relação do aspecto das lutas pelas terras dos índios e dos afro-descendente e nos mostra que nos últimos vinte anos essas populações lutam por suas terras, muitas vezes auxiliadas por associações, e essa luta não se restringe apenas ao espaço onde vivem, mas também ao respeito às suas crenças, costumes e práticas que historicamente sofre com idéias de que esses costumes e crenças são algo negativo seja do ponto de vista social como espiritual o que acarreta atualmente nos vários tipos de preconceitos e discriminações.

Almeida (1999) Em seu livro “Os quilombos e as novas etnias” faz uma crítica ao conceito de quilombo exposto pelo rei de Portugal, ele destaca pontos que desconstroi o conceito dado anteriormente, este autor percebe cinco pontos: “a fuga, o número mínimo de fugidos, o isolamento geográfico, em locais de difícil acesso e mais próximos de uma “natureza selvagem” que da civilização”. Ele nos da um exemplo do quilombo Frechal no Maranhão, o qual se localizava a cem metros da casagrande e casos no qual o quilombo era na própria senzala, Almeida expõe a relação existente entre os aquilombados e os comerciantes, colocando-o na economia interna de sua localidade, a negociação era por produtos que era cultivado nos quilombos e que o comercio necessitava. Essa idéia colocada por Almeida nos mostra que os quilombos não se encontravam no total isolamento, ou apenas em áreas distantes, mas que os negros estavam inclusos nas relações comerciais e em diversas outras.

A serem encontradas comunidades rurais negras, em locais onde havia registros de quilombos é elaborada pelo movimento negro políticas que auxiliam estas populações que agora são chamadas de remanescentes quilombolas.

Pensar nos remanescentes quilombolas é ter a idéia de que práticas de resistência, manutenção, reprodução de seus modos de vida podem ser encontrados em determinado lugar, sendo essas características mantenedoras da identidade desse povo, “... o quilombo, então, na atualidade, significa para esta parcela da sociedade brasileira, sobretudo um direito a ser reconhecido e não propriamente um passado a ser rememorado.” (Boaventura). O passado é rememorado para ser usado como resistência hoje, para termos apoio das lutas e injustiças sofridas pela população negra rural, fazer leituras sobre as vivências quilombolas e tê-las como uma forma de resistência é ter em mente que os remanescentes ainda resistem e lutam, mas agora a luta é pelo reconhecimento de sua identidade e pela posse definitiva de seu território.

Os remanescentes segundo Arruti são sujeitos que foram diferenciados politicamente pelo termo “quilombola” e que surgi quando o artigo 68(ato dos dispositivos constitucionais transitórios/ constituição de 1988) vem reconhecer aos “remanescentes das comunidades de quilombola a propriedade definitiva das terras que estejam ocupadas, assim como a obrigação do estado em emitir-lhes os títulos respectivos.” Nesse caso o direito cria o sujeito que agora reivindicará suas terras e sua cultura, surgi à categoria sociológica e política reunida no remanescente quilombola (Arruti, 2005). Esse autor ainda fala sobre o reconhecimento da luta do povo negro pela liberdade, e comenta que ela foi conquistada e não consentida, que a abolição não alterou de fato a condição da população negra no Brasil, e como é sabido, esse povo permanece excluído dos mais elementares direitos do cidadão. Daí vem a “luta” do movimento negro de trazer a tona o 20 de novembro e não o 13 de maio como data comemorativa do povo negro e o Quilombo de Palmares e seu líder Zumbi como figuras simbólicas dessa data. E assim a questão do Quilombo ganha por Oliveira Viana à classificação de um dos três grandes inimigos da ordem pública, ao lado dos índios selvagens e dos grandes potentados (VIANA, 1973, p.167). Os remanescentes quilombolas vão representar a persistência da vontade de liberdade, e agora em se tratando de remanescentes, o que está em jogo é a manutenção de um território como reconhecimento de um processo histórico de espoliação (ARRUTI, 2005, p 82).

Sobre o efeito que o artigo 68 provou em algumas comunidades negras rurais, José Maurício Arruti faz uma citação contundente:

Então, é difícil encontrarmos uma comunidade que diga ‘ eu sou quilombola’. Só quando há autoconhecimento, autodiscussão com o movimento negro, quando há um trabalho de base - aí você vai encontrar. Mas numa comunidade que nunca foi visitada, que seja pouco acessível ou pouco conhecida jamais vai dizer que lá é um quilombo [...]

Eu digo que sou quilombola porque é resultado de um trabalho do movimento negro, com pesquisas e documentos, Conseguimos documentos desde 1792 e eles explicam para a gente que naquela época existiam quilombos naquelas localidades, vimos, então, que ali existiu um quilombo, porque eu não acredito que naquela época todos nós fôssemos do fazendeiro, alquém era revolucionário e a minha família era revolucionária porque eu sou revolucionário, então por isso eu sou um quilombola. (ARRUTI, 2005, p.83)

São várias as definições dadas ao termo “quilombo” e nesse campo se instaura o debate para definir o que vem a ser remanescente quilombola, o artigo 68 serviu para incentivar principalmente a academia para pesquisar, analisar e mapear os quilombos e remanescentes em cada estado do país foi um passo importante para a valorização do povo negro e de reconhecimento de sua cultura.

José Jorge de Carvalho no artigo: “Quilombos: Símbolo da luta pela terra e pela liberdade” cita que o Brasil parece ser o único país afro-americano que ainda não resolveu, sequer formalmente, a questão dos direitos territoriais de suas comunidade negras. Ele avalia que em outros países onde existiu escravidão, os ex-escravos tiveram a mínima atenção com os escravos, diferente do Brasil, na Jamaica, Colômbia, Cuba e Suriname, por exemplo, Carvalho menciona que os libertos tomaram posse das terras nas quais edificaram seus quilombos antes da escravatura. No caso brasileiro com a Lei de Terras de 1850, escravos, mulatos, alforriados entre outros estavam excluídos do programa que determinava a quem pertenciam as terras no país, ainda após a abolição os negros não receberam qualquer auxilio do estado como indenização ou alguma terra para ele trabalhar. O que se viu foi o incentivo demasiado para a vinda de estrangeiros ao país como política de embranquecimento da população em uma atitude altamente racista que colocou o povo negro nos lugares mais íngremes e de difícil acesso, as favelas e as comunidades rurais negras são exemplos das ações estatais. Ilka Boaventura e Maria Lurdes Bandeira nos trazem argumentos para expor a “invisibilidade expropriadora”, Bandeira Lurdes expõe essa idéia para defender que o branco alienava o negro para no sentido de lhe privar de seus direitos sobre a terra. (1988). Boaventura concorda: “esquecidos pelas políticas publicas e pelas pesquisas científicas... ou porque foram invisibilizados pelas várias formas de representação literária e política ou porque segregados social e espacialmente, de modo a serem tratados como não existem.” (1966:9). Jorge Carvalho sustenta que nos quilombos brasileiros tornar-se invisível, tratava-se de uma tática política, uma atitude afirmativa que garantia aos negros, além da sobrevivência um caminho para a tomada de consciência.

Os remanescentes quilombolas, nas suas “invisíveis" localidades estão conseguindo ser vitoriosos, além da importante vitória jurídica pela legalização de suas terras é o fato de poderem ter sob estudos e pesquisas acadêmicas, histórias de seus costumes e tradições que rememoradas pelos próprios remanescentes quilombolas. Para termos idéia da preservação desses costumes e outros aspectos de comunidades negras rurais, iremos visitar as história dos remanescentes do Grilo.

A comunidade remanescente quilombola do Grilo, se localiza no município de Riachão do Bacamarte - PB. A partir do primeiro contato percebemos a facilidade de obtermos entrevistas com as pessoas mais velhas, a receptividade foi muito agradável e as informações fluíram, conseguimos chegar às casas afastadas com a ajuda da líder comunitária, chamada carinhosamente por “Pakinha”, os moradores mais antigos nos receberam e concordaram em ceder entrevistas e informações acerca do passado daquela comunidade. Tendo em vista a distancia de algumas casas as crianças da comunidade nos ajudaram a alcançá-las. Através da observação em loco, percebemos as dificuldades: água, infra-estrutura, fator econômico, locomoção até a comunidade, entre outras. Nas cozinhas impera dois mundos, um que é usado fogão de lenha e em outras casas fogão “moderno”. Foram mostrados os quintais das casas, terreiros e suas criações, os quilombolas dispuseram seu tempo para falar conosco acerca do cotidiano e de suas memórias, fomos recebidos de forma amigável e respeitosa, o primeiro contato nos deu a oportunidade de conhecer de modo inicial suas histórias e seus limites territoriais.

Controvérsias acerca do nome da comunidade surgiram, segundo seu Pereira a origem do nome comunidade do Grilo, decorre de um poço que as pessoas antigamente vinham buscar água em latas e que ao redor deste poço existiam vários grilos cantando. Daí deu-se o nome comunidade do Grilo, porque as pessoas iam buscar água “lá no grilo”. (Seu Pereira, em entrevista). A controvérsia é acerca do local onde se encontrava este poço, foram nos mostrado dois locais relativamente próximos, mas os depoimentos acerca da origem do nome comunidade do Grilo convergem.

Numa área muito afastada das cidades, sendo muito difícil chegar até a comunidade, fica no alto de uma serra e a estrada é de terra e muito estreita, o que torna o transporte ida/vinda complicado. Sinal de que essas pessoas continuam afastadas de certa forma da sociedade urbana, pois poucos deles necessitam de ir à cidade, plantam, trabalham e mantêm sua cultura baseadas em táticas de sobrevivência que perpassam de geração a geração garantindo a permanência de suas identidades Quilombolas. As pessoas da Comunidade são muito receptivas e simpáticas, nos ajudam a encontrar as pessoas mais antigas para entrevistas e nos ajudam a chegar a suas casas que ficam sempre uma distante da outra, temos que subir e descer rochedos, as pessoas nos recebem com muito carinho se disponibilizando a realizar a entrevista sem nada em troca, e além de falarem sobre suas vidas, indicam outras/os idosas/os para falarem aquilo que eles não tem certeza. Existem vários aspectos preservados dos costumes de seus entes mais antigos e antepassados que estão sendo percebidos por nós nesse inicio de pesquisa.

Para as comunidades remanescentes de Quilombos, assim como para o povo negro foram criados políticas que favorecem a preservação desses povos, são encontrados no PLANAPIR.

As políticas públicas que estabelecem os deveres do estado para com as populações discriminadas e marginalizadas da sociedade brasileira estão reunidas no documento intitulado Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial – PLANAPIR. Elaborado pela secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR. Com base nas propostas aprovadas na 1ª Conferencia Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CONAPIR, com base nas políticas do governo federal que combatem as discriminações raciais e que buscam promover a redução das desigualdades sociais. O PLANAPIR surgiu de decreto de 8 de Novembro de 2005 que instituiu o grupo de trabalho interministerial formado por 15 órgãos do poder executivo e um representante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR.

O Plano vai indicar ao governo metas e objetivos a serem perseguidos para a superação das injustiças raciais existentes no país através de ações afirmativas. Nas suas proposições são consideradas as ações da sociedade civil que estão envolvidos nessa enorme luta para superar as iniqüidades cometidas contra grupos étnicos em nosso país.

Na fala do presidente Inácio Luiz Lula da Silva, em mensagem de apresentação do Plano, ele fala a população negra e sobre o PLANAPIR:

O Brasil é a segunda maior nação negra do mundo. Nossos milhões de negros e negras estão cada vez mais conscientes e orgulhosos de suas origens. No entanto, sobre esta população ainda pesa a herança da escravidão e de um longo período de invisibilidade, que traduz em preconceito, discriminação e exclusão social. (...) Nesse sentido surgi o PLANAPIR (...) que indica ao estado as prioridades para superar as desigualdades raciais existentes no Brasil, por meio da adoção de políticas de ações afirmativas, associadas às políticas universais. ( PLANAPIR, p7 – 8.)

Na apresentação do ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, expõe o contexto histórico de injustiças que o negro passa. O ministro cita a luta do movimento social negro para denunciar a existência do racismo e da discriminação racial que apenas foi “percebido” em 1995 quando o governo enxergou o problema e inseriu nas ações políticas a questão racial.

Em um contexto internacional essas políticas vem atender ao compromisso firmado pelo Brasil na conferencia de Durbam na África do Sul, que discutiu as questões referentes à eliminação de todos as formas de discriminação, contra o racismo, xenofobia e as formas correlatas de Intolerância.

Com relação aos objetivos do Plano Nacional de Política de Promoção da Igualdade Racial, constam 12 (doze) eixos eu expõe esse objetivos: eixo 1: trabalho e desenvolvimento econômico; eixo 2: educação; eixo 3: saúde; eixo 4 diversidade cultural; eixo 5: direitos humanos e segurança pública; eixo 6: comunidades remanescentes de quilombo; eixo 7: povos indígenas; eixo 8: comunidades tradicionais de terreiro; eixo 9: política internacional; eixo 10: desenvolvimento social e segurança alimentar; eixo 11: infra-estrutura; eixo 12: juventude. Iremos fazer usos dos eixos 2, 4 e 6 que tratam respectivamente de educação, diversidade cultural e comunidades remanescentes de quilombos.

No eixo inicial referente à educação, no inciso II é estabelecido a “formação de professores e profissionais da educação nas áreas temáticas definidas nas diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro - brasileira, africana e indígena.” O documento reconhece a necessidade da formção de professores para uma educação que valorize os diferentes povos e que siga a lei 10.639/2003 e outras que determinam a abertura da educação dando ênfase à cultura Afro – brasileira e Africana e indígena. No inciso VIII fala-se sobre “estimular maior articulação entre a instituição universitária e as comunidades tradicionais, proporcionando troca de saberes, de práticas e de experiência.”

Tratando do eixo 4 da diversidade cultural, no inciso II estabelece “estimular a eliminação da veiculação de estereotipo de gênero , raça, cor e etnia nos meios de comunicação.”no III – “fomentar as manifestações culturais dos diversos grupos étnicos – raciais brasileiros e ampliar sua visibilidade na mídia. No eixo 6 que trata das comunidades remanescentes quilombolas, cujo trabalho é referente, destacamos o inciso III – “promover a titulação das terras das comunidades remanescentes de quilombos em todo o país.” Partindo para o IV – “promover a proteção das terras das comunidades remanescentes de quilombos e no VII- “estimular estudos e pesquisas voltados às manifestações culturais de comunidades remanescentes de quilombos.”

Tendo essas questões como base poderemos verificar que as políticas públicas estabelecidas pelo PLANAPIR garantem ações que se cumpridas de fato dão direitos e ampliam as expectativas dessas populações de serem reconhecidas e valorizadas. Nós da Universidade Estadual da Paraíba – campus I – Campina Grande, desenvolvemos diversos trabalhos junto às comunidades remanescentes quilombolas, que estão em concordância com os eixos objetivos do PLANAPIR.

Referência:

  • Arruti, José Maurício. Mocambo: antropologia e história do processo de formação quilombola / José Maurício Paiva Andion Arruti. Bauru, SP: Edusc, 2006. 370 p.

  • Amado, Janaina e Ferreira, Marieta de Moraes. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, RJ. Editora FGV, 2000. 30 p.

  • François, Etienne. A fecundida da história oral. In: Amado, Janaina e Ferreira, Marieta de Moraes. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, RJ. Editora FGV, 2000. p 3 – 15.

  • Moura, Clóvis. Quilombos: Resistência ao escravismo. São Paulo. Editora Ática. 1987. p 92.

  • Alberti, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro. Editora FVG. 2005. 236p.

  • Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – PLANAPIR, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, Governo Federal. Brasília, 2009. p 7 – 125.